Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...
Caetano Veloso - Proibido Proibir
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...
Caetano Veloso - Proibido Proibir
Após uma semana de divulgação do livro Negro Rom fui flagrado desejando, ignobilmente, sofrimento, dor e sangue. Calma. Era um desejo situado, unicamente, no plano voyeurista. Nada de materializações.
Curiosamente esse afã, mesmo nos cidadãos mais pacatos, se manifesta com relevante freqüência. Quem nunca desejou quebrar o que (ou quem) estava pela frente? É um resquício de nossa descendência símia, não há que se envergonhar, acho...
O final de semana chegou e, acompanhado dele, o espírito simiesco desejoso de poder. No meu caso o poder era irrelevante, só queria mesmo alimentar uma espécie de sadismo irreverente, que se fazia tão presente quanto imponente.
Começou no sábado com Abel Ferrara e seu primeiro filme independente, o despretensioso (e de baixíssimo custo) “Assassino da Furadeira” (1980). Quem conhece Ferrara sabe o que esperar. É agora, pensei. Um filme que fala sobre a linha tênue que nos separa da insanidade. Fui agraciado com banhos de sangue, e uma violência aparentemente sem propósito, mas não: eu entendia aquela violência, aquela raiva, aquela furadeira elétrica destruindo miolos, espalhando catchup como manda a receita dos mais consagrados filmes B. Beleza.
Confesso que deu uma relaxada, mas meu primata interior queria mais. A noite chega, e o domingo também. Descobri passando na TV o filme “Sexta-feira 13” (2009), o novo que não é remake. “Vamos lá macaquito, você tem a força”.
Sou fã do Jason, mas esse filme me fez dormir... Logo no início uma mulher siliconada, doida pra dar, mostrou os seios, mas nem isso foi legal... Mais fraco que o Sexytime, do Multishow, pelo amor de deus. Mortes bobas, com cheiro de coisa sintética.
A produção mais rica toma o lugar da independente. A independente, geralmente, é discriminada por ser... independente! E o macaquito, como fica? E o macaco, caralho?!
Ferrara, diferente, inteligente, pouco conhecido e com baixo orçamento conseguiu alimentar o Neanderthal que há em mim. Já o Jason atual, de Michael Bay, só o adormeceu. De uma certa maneira isso foi esclarecedor: se até um macaco consegue reconhecer qualidades na diferença, para um ser humano isso também não deve ser difícil.
2 comentários:
Eu fiquei tão distante com o som dos gritos caetaneados em minha mente ao lembrar da música, por conta dos versos, ali.
E, não sei, esses devaneios foram tão desritmados em mim que me veio a tal da vontade, defenestração. Não sei, no entanto, se escolho algo ou alguém.
[Fiquei curiosa com essa coisa do livro].
Abraços.
rs!
É ótimo destruir, defenestrar longe sem dó, dar espaço à atuação da personalidade primitiva... ai, dá um alívio... :)
Valeu pela visita, Jaya! :)
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